sexta-feira, 26 de setembro de 2014

publicado a 19 de Setembro de 2014 pelo Jornal lusófono Plataforma de Macau

File photo of a child clasping a Mozambique flag in a suburb on the outskirt of the capital Maputo

PARTIDOS FAZEM BALANÇO POSITIVO DA CAMPANHA

                                                                            por: Estêvão Azarias Chavisso, Maputo

Poucos incidentes nos primeiros dias de caça aos voto para as eleições gerais de 15 de outubro

Os principais partidos políticos moçambicanos fizeram um balanço “positivo” das primeiras duas semanas de campanha eleitoral para as eleições de 15 de outubro em Moçambique.
A corrida às eleições gerais de 15 de outubro em Moçambique já começou -  são 45 dias em que os três principais partidos e seus respetivos candidatos presidenciais irão apresentar aos 128 distritos das 11 províncias do país os seus planos de governação.

Frelimo, partido no poder, Renamo, maior partido da oposição,  e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) apresentaram candidatos para os onze círculos eleitorais nacionais, para além dos dois da diáspora (África e Resto do Mundo) referentes à eleição para o Parlamento Nacional e para os 152 círculos relativos ao sufrágio para as dez assembleias provinciais.

Filipe Nyusi, (Frelimo), Afonso Dlakhama (Renamo) e Daviz Simango (MDM) são os candidatos à Presidência da República de Moçambique, sendo os três partidos políticos os únicos a concorrerem a todos círculos eleitorais.

As primeiras duas semanas de campanha eleitoral em Moçambique, iniciada a 30 de Agosto, foram marcadas pela presença dos candidatos às presidenciais nas províncias do norte e centro de Moçambique, os maiores círculos eleitorais do país.

Em declarações ao Plataforma Macau feitas em Maputo, os porta-vozes da Renamo, António Muchanga, e do MDM, Sande Carmona,   fizeram um balanço “positivo” das primeiras duas semanas de campanha eleitoral, apesar de destacarem “incidentes” ocorrido durante o processo.
“O processo está correr bem. No entanto, a Renamo não está no seu máximo. O presidente da Renamo, Afonso Dlakhama, ainda está em Maputo, devido ao processo da assinatura da declaração da Cessação das Hostilidades Militares. Ele ainda não se deslocou às outras províncias com vista a trabalhar diretamente com os seus eleitores”, disse António Muchanga.

Segundo o porta-voz do maior partido da oposição moçambicana, até mesmo os deputados e principais quadros da Renamo ainda não saíram de Maputo para trabalhar diretamente com a população. Entretanto, assegurou, dentro de dias a Renamo estará “a todo gás”.

A nível estratégico, explica o porta-voz, a Renamo irá dar primazia aos comícios e aos contctos interpessoais, espalhando a sua política de “adaptação de uma medida salarial consoante ao tempo e trabalho do cidadão moçambicano”.

Questionado sobre aprovação da Lei da Cessação das Hostilidades Militares em Moçambique, António Muchanga qualificou a atitude positiva, realçando que a mesma surge como instrumento jurídico em defesa dos “injustiçados”.

“ Consideramos a transformação do acordo da Cessação das Hostilidades Militares em lei um aspeto positivo, pois a mesma passa a constituir um instrumento jurídico em defesa dos que foram injustiçados pelo Governo”, afirmou.

António Muchanga, embora afirme que o processo está a correr positivamente, denuncia algumas infrações cometidas por alguns membros simpatizantes de outros partidos políticos, como a destruição de material de propaganda.

“Há alguns aspectos negativos, por exemplo, há localidades onde a Frelimo destruiu o material de propaganda da Renamo e de outros partidos políticos. Apesar disto, a Renamo tem dado continuidade aos seus trabalhos”, assegurou Muchanga.

Por seu turno, o porta-voz do MDM, Sande Carmona, também contactado pelo Plataforma Macau, considerou as primeiras duas semanas de campanha eleitoral positivas, embora denuncie, além casos de sabotagem de material de propaganda política, tentativas de assassinato a membros do MDM protagonizadas por supostos membros dos partidos adversários.

“O balanço dos primeiros dias de campanha é positivo, no entanto, porque os nossos adversários não sabem fazer um bom jogo político, há casos de sabotagem do material eleitoral e de tentativas de assassinato protagonizadas por membros dos partidos adversários”, alertou Carmona.

Segundo o porta-voz daquele partido político, os casos são já de conhecimento das autoridades competentes, no entanto, ainda não há esclarecimento.

“Os casos foram devidamente submetidos às autoridades. Mas lastimamos porque até hoje não houve pronunciamentos”, lamentou, explicando que embora o partido de Deviz Simango faça um balanço positivo das primeiras semanas da campanha, há uma preocupação com esses incidentes.

“O MDM está trabalhar, analisando todas condições para criar uma plataforma sólida para uma intervenção em todos processos decisórios do país”, assegurou Carmona.

O Plataforma Macau tentou entrar em contacto com o porta-voz do partido Frelimo, Damião José, que escusou-se a prestar declarações, alegando que o seu partido “está trabalhar” e na hora certa haverá um pronunciamento à imprensa.

 PM-FIM

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Opinião/Educação: Desafio de uma Juventude: o Futuro de uma Nação




                                Desafio de uma Juventude: o Futuro de uma Nação 

                                                             

                                 Por:
Estêvão Azarias Chavisso


Trinta e nove anos passaram-se desde que, a 25 de Junho de 1975, Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente, proclamou a independência nacional. Fomos, durante anos, alvos da brutalidade imperialista. 


Moçambique era apenas mais uma província ultra-marina portuguesa. Ao lado dos povos asiáticos e americanos assistimos de espíritos impávidos e serenos à expansão europeia do século XV, vendo nossas fronteiras invadidas pelo ocidente no âmbito da penetração mercantil europeia.

Hoje, mais que nunca, Moçambique desponta no horizonte da história, exigindo um lugar e um estatuto soberano no palco do mundo. A esperança, antecedida por um conflito militar que durou que durou 16 anos, paira no espírito da jovem nação. 

Se, por um lado, os recursos recém-descobertos são a nossa riqueza incalculável, por outro, nossa incapacidade de converte-los em benefício dos moçambicanos é nossa ignorância incomensurável.

A todo gás, as companhias extractivas multinacionais (Anadarko, a Vale, a Rio Tinto, a EN1), num autêntico paraíso fiscal, exploram e escoam, através da linha de Sena, nossos recurso com o velho argumento da criação de novos postos de trabalho  em benefício da comunidade.      
    
A falta de mão-de-obra qualificada, a má qualidade da educação técnica e profissional e a proliferação de companhias estrangeiras no território moçambicano, além de vários outros problemas sociais, tornam cada vez mais utópico o sonho de um país realmente independente e desenvolvido. Moçambique, nos nossos dias, vive o entre sim e o não, na ideia da esperança de um futuro contingente. 

Nossa identidade cultural, escamoteada por uma suposta “globalização”, perde-se com tempo. Assistimos a era do abandono dos nossos valores e das nossas normas. Nossa etnicidade, realidade antropológica que pertence as nossas comunidades, é gradualmente substituída por uma ignorância cultural. 

Nossa variedade linguística, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, perde seu estatuto de originalidade, legitimando, portanto, um surto ideológico tribalista e regionalista. 

Ontem, quando escravos, alguém nos libertou. Hoje, supostamente livres, alguém nos acorrenta. Hoje, mais que nunca, nosso futuro – como moçambicanos - é incerto e pertencente ao ocidente. 

Somos, na nossa época, confrontados com um tipo de realidade; um mundo vivo, dinâmico e moderno, onde reina quem pode e obedece que deve. No meio de tantas turbulências, uma pergunta imbuída de conforto surge: onde estará a solução dos nosso problemas?


 Nossos Problemas: Nossa Solução
Há quem, do auge de um cepticismo exacerbado, não vê esperança num futuro próximo, outros, do alto do seu optimismo, acreditam na mudança e num novo amanhã. 

Quem fala de esperança, explicitamente, invoca a expectativa. A expectativa, a probabilidade de realização em tempo enunciado, torna-se um fundamento, um sentido para existência do povo moçambicano. Entretanto, o desenvolvimento de Moçambique só é possível por quanto que seja desencadeado um projecto contínuo de educação centrado na juventude. 

Uma educação, no seu todo, centrada na juventude significaria, em última instância, um projecto que investe no futuro apostando no presente. 

A juventude, portanto, é a condição seno Qua. none para o tão desejado “ futura promissor”. Como diria Severino Ngoenha, a solução para os nossos problemas estaria na reflexão sobre a questão; que tipo de educação? Para que Moçambique? 

Investir no estatuto epistemológico da juventude seria pensar num futuro diferente para o nação.  
O gás, estimado em 180 triliões de pés cúbicos, o carvão, escoado em cerca de 6 milhões de toneladas por ano, só em Moatize, são nossos recursos, apenas por quanto que consigamos explora-los em nosso benefício. 

Essa deve ser a missão da nossa juventude do Rovuma ao Maputo; apostar na educação com claro e único objectivo: converter os recursos minerais moçambicanos em benefícios para o povo.

Eis, portanto, o desafio que proponho; uma reflexão sobre o nosso estatuto técnico e epistemológico, enquanto jovens moçambicanos; a esperança de uma nação.


                                                                                      

sábado, 13 de setembro de 2014

Publicado a 1 de setembro de 2014 pelo Jornal lusófono Plataforma de Macau, da China

“O QUE FOI ASSINADO NÃO FOI A PAZ”

                                                                            por: Estêvão Azarias Chavisso,Maputo    

Rafael Shikhani, historiador e analista político moçambicano, diz ao Plataforma Macau que a paz só acontecerá com a desmilitarização total da Renamo

O historiador e analista político moçambicano Rafael Shikhani defende que a assinatura do cessar-fogo em Moçambique não constitui uma paz definitiva, considerando que a sua“consolidação no país passa, necessariamente, pela desmilitarização da Renamo”, maior partido da oposição.
Passadas 74 rondas de negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo, finalmente, foi assinada, na noite de domingo, em Maputo, a declaração de cessação das hostilidades no país. O memorando, que marca um cessar-fogo imediato, será visado em uma cerimónia pública, numa data ainda indeterminada, entre o chefe-Estado, Armando Guebuza, e o presidente da Renamo, Afonso Dhakhama.
O acordo, assinado pelo chefe da delegação do governo e ministro da Agricultura, José Pacheco, e pelo líder da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, marca o término dos confrontos entre exército e a guerrilha armada da oposição, que resultaram em várias mortes na província de Sofala, centro do país, ao longo do troço que liga o norte ao sul de Moçambique.
O historiador e analista político, Rafael Shikhani, em declarações em Maputo ao Plataforma Macau, defendeu que a assinatura do acordo entre o governo e a oposição não significa a uma paz definitiva, na medida em que, mesmo ao abrigo de um acordo, se a Renamo não desmilitarizar o seu braço armado, o clima de instabilidade continuará em Moçambique.
“ Não foram assinados os acordos de paz. Na verdade, foi simplesmente assinado o fim das hostilidades. Há vários aspetos que devem, a partir de agora, ser observados. Por exemplo, o primeiro é desmilitarização do braço armado da Renamo. Para que se diga que o país está definitivamente em paz, a Renamo deve ser desmilitarizada”, disse.
Segundo Shikhani, Moçambique vive um clima de paz armada, desde 1992, data da assinatura dos acordos gerais de paz que deram término a guerra civil de 16 anos.
“Desde 1992, vivemos, 22 anos de uma paz armada, sem saber o que será de nós no futuro. Não existe em nenhum lugar do mundo um país com um partido político armado. Nós , durante esse tempo, tínhamos a paz mas não a estabilidade”, defendeu.

PAPEL DO GOVERNO NA MANUTENÇÃO DA PAZ
No entanto, apesar de ceticismo quanto ao futuro da paz em Moçambique, o analista saudou a atuação do Governo, destacando o seu papel na materialização do que já foi acordado.
“O Governo moçambicano teve uma atuação positiva na situação, desde a promulgação da Lei da Amnistia, a abertura para revisão da Lei Eleitoral entre outros aspetos. No entanto, é importante que a Renamo também assuma suas responsabilidades, transformando-se realmente num partido político”, afirmou.
Questionado sobre o facto do acordo ter sido alcançado às portas da eleições gerais em Moçambique, agendadas para outubro, o historiador disse que, apesar da paz interessar aos moçambicanos em geral, o principal beneficiário é o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, na medida em que as campanhas eleitorais começam em breve.
“ A paz interessa a todos, quem ganha é o país todo. Todos moçambicanos queriam que isto acabasse bem. No entanto, veja que o período da campanha eleitoral está próximo, aliás, a pré-campanha até já se iniciou, e o candidato da Renamo estava impossibilitado de participar se a situação continuasse como estava”.

PM-FIM 

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