Zena Bacar Ali é uma das mais importantes cantoras de Moçambique nos nossos dias. Ela nasceu a 25 de Agosto de 1949 na capital do norte, ou melhor, na província de Nampula, começa a cantar desde os seus 6 anos de idade e oficialmente em 1980. Ela é uma mulher comprometida com a música, passa a maior parte do seu tempo compondo e cantando, já tem 3 álbuns no mercado. Na seguinte entrevista, Zena fala da sua vida e da sua carreira.
Cantora Zena Bacar
Qual é o estilo musical que faz?
Qual foi a primeira música que gravou?
A primeira música que gravei foi Urera Kurera que significa “Vaidade sem juízo”, isso em 1980 em Maputo
A Zena faz parte de uma banda designada Eyuphuro, quando e como uniu-se a esta banda?
Conheci a banda Eyuphuro Através do ex-director da casa da cultura de Nampula já falecido, recordo-me que o compositor nessa altura era o Omar Issá de Quelimane, Gimo Abdul Remane, e o director era o Salvador Maurício. O Abdul Remane está actualmente fora do país e casou-se com uma dinamarquesa.
E qual é o significado de Eyuphuro?
(Risos…)
Esta questão é bastante pertinente, pois, muitos não sabem qual é o significado literal de Eyuphuro. O nome da banda significa “Turbilhão”.
A zena é uma mulher que está na música já há bastante tempo, obviamente acompanhou o desenvolvimento da Marrabenta e o principal percursor. Há controvérsias entre o guitarrista da Orquestra Djambo Moisés Ribeiro da Conceição e Dillon Djindji sobre o rei da Marrabenta. Afinal de contas, quem é o rei da Marrabenta, Dillon Djindji ou Fanny Mfumo?
Categoricamente a Zena disse:
"Fanny Mfumo é o Rei da Marrabenta, agora, o Dillon já pode considerar-se rei da Marrabenta porque destacou˗se e lutou para que o estilo permanecesse de boa saúde, e acima de tudo ainda está vivo".
Como vai a música?
A música moçambicana está de boa saúde, nota-se que os moçambicanos estão comprometidos em desenvolver a música em todos os sentidos.
Quais são os planos que tem?
Bem, actualmente estou na capital com o propósito de ensaiar para espectáculos, e também estou a gravar com uma grande referência beirense no que a música nacional concerne, brevemente iremos lançar.
Todo artista passa por situações complexas, já algum dia pensou em desistir de cantar?
Nunca pensei em desistir, mas não porque não havia barreiras, fui muito forte para alcançar o que eu sempre quis, aliás, é o que todo artista deve ter. Também contei com a ajuda dos meus progenitores que em nenhum momento deixaram de apoiar-me.
Já pediu apoio ao Ministério da cultura?
Por acaso não, desde que comecei a cantar nunca fui pedir apoio ao Ministério da Cultura.
Há entidades que já contactaram-me para alguns espectáculos, mas na conversação surgem questões como: tens aparelhagem? E eu respondo que não, não tenho aparelhagem e as conversações ficam iminentes. Consequentemente, os promotores desertam do plano. O que muitos não sabem é que um batuque é suficiente para fazer um espectáculo meu.
Já pensou em dar aulas de Música?
Sim, já pensei e, há anos recebi um convite para dar aulas em Nampula, só que os nativos de lá, especificamente as jovens, dizem não saberem falar Macua, é por essa razão que até hoje não alcancei essa meta, acho que seria muito bom para mim, porque assim opulentaria o meu Currículo.
Tem estado frequentemente na capital do país, como é que têm sido as suas viagens?
Realmente! As viagens têm sido muito boas, até porque desde que comecei a vir para capital do país é só de avião que venho.
Tem Filhos?
Já tive um filho que veio a morrer envenenado, acabava de se casar e foi passar a lua-de-mel em Portugal, não se sabe até hoje quem teria feito esse acto macabro com o meu único filho.
Aquando da morte do seu filho morgado, até que ponto influenciou a carreira?
A morte do meu filho influenciou bastante! Não só a carreira mas também a minha parte espiritual, porque ele não deixou sequer netos e ainda por cima, era filho único, cheguei até a padecer de perturbações mentais.
Como conseguiu superar essas perturbações mentais?
A minha família procurou soluções tradicionalmente, mas estas, não surtiram efeito. Se hoje sou a Zena que sou, foi graças a Deus e a igreja universal (IURD).
A Zena considera-se uma mulher vaidosa ou nem por isso?
(Risos…)
Não, eu não sou vaidosa, há que estar sempre bonita, e há que preocupar-se em estar bonita. Olha, para mim quem gosta da vaidade é quem acha-se o dono do universo.
Qual é o seu prato favorito?
Chima de mandioca e tocossado de peixe!
Quantos países conhece?
Conheço a metade da Europa e da África. Tudo isso graças ao meu trabalho.
Local que gostava de conhecer ou que gosta de visitar frequentemente?
Eu sou uma mulher muito simplista, Inhambane Ceu é o local que eu visito com frequência e incansavelmente.
Por que incansavelmente Inhambane Ceu ?
(Risos…)
Porque quando lá estou, sinto-me num autêntico céu.
O que faz nos tempos livres?
Olha, a minha vida é a música, passo a maior parte do tempo compondo e cantando.
A zena está actualmente a rezar na Igreja Universal do Reino de Deus, como é que foi converter-se do islamismo para cristianismo?
Eu só era muçulmana por causa dos meus pais, sempre quis ser cristã desde criança, fugia de casa para igreja católica sem que os meus pais tivessem conhecimento disso. E quando tornei-me autónoma, ou pronta para seguir o meu rumo, escolhi a Igreja Universal, também por me ter ajudado a superar a minha crise. Não mudei o nome nem a maneira de vestir-me, continuo a mesma Zena Bacar Ali. Este é o 200 ano na Igreja Universal.
Mensagem para as mulheres moçambicanas...
Mulheres, nunca desertem dos vossos sonhos, valorizem o que é nosso (capulana) e nunca esqueçam-se que Deus existe e as portas nunca fechará para nós.
Autor: Cau Fontes
Foto: Cau Fontes
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