Educação
em Moçambique
Nos últimos anos o problema da
educação em Moçambique tem se acentuado com mais gravidade. As frequentes
reprovações massivas dos estudantes da 10ᵃ e 12ᵃ classes têm se alastrado um
pouco por todo país, tal fenómeno demonstra que estamos perante um problema
estrutural.
Dados oficiais do Ministério da
Educação, publicados a 27 de Novembro de 2013 pelo Jornal Notícias, davam
conta de que, até a época, cerca de 80% de alunos das 10ᵃ e 12ᵃ classes
reprovaram nos exames da primeira época em todo país. Facto este que não só
está a preocupar aos pais e encarregados de educação dos alunos como também as
autoridades responsáveis pela educação no país.
A educação em Moçambique, segundo o
filósofo moçambicano Severino Ngoenha (2000), é um projecto que precisa ser
repensado na sua globalidade, no panorama das condições concretas moçambicanas,
com vista a identificar os momentos disfuncionais do actual sistema em relação à realidade social.
Ngoenha advoga ainda que a educação
em Moçambique deveria ser estudada a partir de várias realidades moçambicanas,
em consonância com cultura, economia e política. Entretanto, a reflexão actual
sobre a educação encontram-se ligados estreitamente ao Governo e aos doadores
internacionais, que intervêm directamente no modelo ensino adoptado por
Moçambique desconhecendo a realidade social do país.
Há quem acha que o fracasso estrutural
da educação em Moçambique é causado pela obsolescência do ensino primário,
principalmente pela inexistência de um ensino pré-primária para as crianças,
que pudesse ensina-las questões básicas antes de ingressarem para as primeiras
classes escolares. Em resposta, o Ministro de Educação, Augusto Jone, citado
pelo Jornal @Verdade, na edição do dia 21 de Agosto de 2010, disse que a educação pré-primária faz parte
do plano estratégico da educação de 2012-2016, que inclui a construção de mais
centros infantis de ensino pré-primário com vista a dinamizar o processo.
O ministro acredita que a
valorização do ensino pré-primário será uma das formas eficazes para combater a
deterioração do ensino em Moçambique, particularmente do ensino primário onde
muitos alunos têm dificuldades para ler, escrever e fazer cálculos básicos.
Entretanto, não basta só criar
estratégias ou até mesmo construir centros infantis, planos esses que na
maioria têm caído em círculos viciosos pois não passam de discursos eleitorais
para o alcance de interesses partidários, é necessário que se olhe também nos
aspectos que farão com que este plano funcione e traga efeitos práticos desejados.
Para melhor qualidade da educação
em Moçambique vários aspectos devem ser destacados, nomeadamente a questão da
valorização dos professores no seu ambiente de trabalho - salários justos e a
qualificação adequadas, os métodos devem corresponder às condições sociais
moçambicanas e as circunstâncias na qual as crianças são educadas devem ser
minimamente apropriadas.
De acordo com o relatório do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, sigla em inglês) de 2014, sobre a situação
das crianças em Moçambique, a boa qualidade de educação em Moçambique vai desde
o professor, na adopção de métodos interactivos de ensino, fornecimento de
material escolar de boa qualidade, a construção de fundos de água potável, até
a triagem regular da saúde das crianças.
Em Moçambique, dentre todos os
factores mencionados pela UNICEF, apenas um aspecto é respeitado, a construção
da própria instituição de ensino. No entanto, em muitos casos, tais
instituições não têm equipamentos necessários para seu bom funcionamento e, portanto,
surge a questão; é possível dentro destas condições atingir ao nível de
educação desejado?
Não se pode negar que a ideia da
construção de centros infantís servirá para combater esta fase desastrosa da educação
em Moçambique, mas devem ter em conta que os edifícios só não servem, é necessário
que se criem condições para que estes
funcionem condignamente.
Sendo assim, antes de construir
milhares de centros infantís em todo o país, o Governo deveria pensar em todos
os aspectos que vão complementar os mesmos, pelo que Severino Ngoenha afirmara
que “a educação não pode ser um objecto de estudo fechado nele mesmo, e
inscreve-se nas realidades culturais, económicas e políticas que devem ser
tomadas em conta o campo educativo é, pois, estruturalmente condicionado por
estas dimensões que, sem a constituírem completamente, a influenciam” (NGOENHA,
2000: 199).
O Ministro da Educação deveria procurar
interagir com outros órgãos de educação de outros locais do mundo para trocar
experiências, discutir a questão da educação, como esta funciona em seus países
e o que é feito para superar casos como este que Moçambique está a enfrentar. Tendo
todas essas informações e experiências, o Governo poderá ter bases fixas para desenhar
projectos concisos e adequados para a realidade moçambicana. Só assim, poderemos
começar a pensar num Moçambique forte no que diz respeito a educação, desde o
ensino pré-primário até o superior.
Bibliografia consultada:
NGOENHA, Severino Elias, Axiologia
da Educação em Moçambique, paradigmático questionamento da Missão Suíça,
Livraria Universitária, UEM, 2000 p 199-200
Parabéns pelo texto, Faustina. Meu nome é Mauro Souza (Mó) e sou um artista plástico brasileiro. Gostaria de te mostrar algumas obras minhas e conversar sobre assuntos deste nosso Mundo. Meu e mail é mauroaltinosouza@hotmail.com e se puderes me dar um toque, à vontade. Um abraço.
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