Educação em Moçambique: sem escrita e sem leitura
por:Albert Massango
Realizou-se
na primeira quinzena do mês passado, em Maputo, a II reflexão sobre o actual estágio
da educação em Moçambique. A reflexão contou com a presença de várias figuras
de renome, desde académicos, ministros, investigadores e muitas outras
individualidades. Uma vez feita a reflexão, achei relevante trazer ao nosso
jornal um ponto interessante sobre a mesma.
Durante
o encontro, a antiga ministra da Educação e ex-esposa do primeiro presidente de
Moçambique, Graça Machel, trouxe uma abordagem interessante, que criticava
severamente o sistema nacional de ensino. A activista social afirmou que o
principal problema da nossa educação começa da base e prossegue até ao nível
superior.
Uma
intervenção sábia e feliz, se analisarmos a raiz da nossa educação. Concordo
plenamente com os pronunciamentos da antiga ministra da Educação, pois,
observando o nosso sistema de educação,
acabamos por constatar que do ensino primário até ao superior existe uma serie
de problemas.
Esses
problemas, na sua maioria, estão ligados à escrita e, consequentemente, à
leitura. Ou seja, o “greatest nightmare” dos estudantes e, também, professores moçambicanos,
para não dizer da sociedade moçambicana em geral, são a leitura e a escrita.
Um
professor, independentemente da classe que lecciona, deve ter a cultura de
leitura e, principalmente, de escrita, sendo que esses dois elementos são as
suas ferramentas de trabalho.
Em Moçambique,
porém, a maior parte dos professores não têm a cultura de leitura e, muito
menos, a de escrita. Tomemos como exemplo alguns professores da Escola de Jornalismo,
que nunca redigiram, sequer, uma ficha de leitura para os seus alunos,
limitando-se apenas a produzir cópias de obras alheias.
Então,
sendo que o desleixo pela leitura e escrita começa do professor, o que se pode
esperar de um simples aluno que tem o professor como espelho? Obviamente, o
aluno passará a copiar o que vê do professor. Com isso, não quero culpabilizar
o professor pela “podridão” da educação em Moçambique, pois somos todos
culpados, o Governo, a família, o professor e o próprio aluno.
Em
jeito conclusivo, acredito que, enquanto o Governo moçambicano estiver “engajado”
no cumprimento de metas estabelecidas pelos doadores (Banco Mundial, Fundo
Unitário Internacional, União Europeia, etc), preocupado com a quantidade e não
com a qualidade, a educação em Moçambique enfrentará os mesmos problemas.
//FIM//
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