Desilusão
Por: Alberto Massango
Em Moçambique,
país da África Austral, onde me encontro e resido, as coisas estão de pernas
para o ar. O sistema político corrompido, as instituições de ensino não
funcionam devidamente, alguns académicos são instrumentalizados, ou seja, estão
a mercê do poder político. Os órgãos de comunicação social, na sua maioria,
funcionam à favor do sistema, diabolizando os que opinam contra o regime,
apelidando-os de “agentes da mão externa”.
Aliás, é em Moçambique,
à semelhança de alguns países africanos, em que “analista de assuntos sociais”,
que se pronunciam publicamente, são perseguidos e brutalmente
assassinados.
Apara além das
situações acima citadas, temos, ainda mais, outros problemas, nomeadamente, as
dívidas avultadas, contraídas à revelia da Assembleia da República, por um grupo de
governantes munido de interesses próprios, bem como a crise político e militar
entre o Governo e a Renamo, o maior partido da oposição no país, e a descoberta
de valas comuns com corpos humanos sem vida.
Quando mais
tento perceber o porquê destes problemas, fico conturbado e indignado, pois, há
poucos anos, as expectativas sobre um Moçambique melhor eram enormes, na medida
em que se tinha em conta os benefícios dos hidrocarbonetos, que ao longo do
tempo, foram descobertos.
Com os tais
hidrocarbonetos, esperava-se, e ainda se espera, que a vida dos cerca de 25
milhões de moçambicanos ganhasse novos rumos de melhoria, entretanto, ao longo
dos dias, vai-se notando que estamos entregues a uma grave crise financeira,
que coloca em causa as boas expectativas de todos moçambicanos.
Quando criança,
os meus pais me falavam sobre a necessidade, bem como da importância de ir à
escola, com o argumento de que só assim poderia obter um emprego melhor futuramente
e, consequentemente, uma vida estável. Entretanto, mesmo sem acreditar muito nos
argumento levantados pelos meus progenitores, devido a terrível realidade que me rodeia naquele meu bairro
periférico, fui à escola e, nos dias de hoje, frequento a universidade.
E, na sequência
disso, tenho-me questionado, o que encontrei na tal universidade, que se
acredita ser o laboratório de conhecimento? E a resposta é simples, nada senão um
grupo de colegas medrosos, passivos e obedientes, demais, aos professores.
Partindo do
princípio de que a universidade é um centro de debate de ideias, juro que
esperava, naquele circo, encontrar pessoas emancipadas dos seus enredos. Mas,
infelizmente, são colegas medrosos, sem senso crítico, aliás, alguns nem
conhecem as inclinações/objetivos do curso que frequentam. E, com isso, levam-me
a argumentar que, em Moçambique, só se estuda por questões de sobrevivência,
não para se obter conhecimento para o desenvolvimento do país e dos seus
cidadãos.
Os professores,
por seu turno, alguns deles, metem-me nojo e repugnância, na medida em que nada
fazem senão retardar, cada vez mais, o nosso sistema de educação, que por si só
já está retardado e deteriorado, tal como o de justiça, que se tem mostrado
incapaz de julgar os maiores ladrões e corruptos da pátria.
Os professores,
assim como os seus estudantes, estão todos preocupados com as notas dos testes,
como se nos conferissem algum grau de conhecimento. São os estudantes a
culparem os professores pela má qualidade do ensino e aprendizagem e vice-versa.
Todavia, a verdade é uma e única, isto está uma merda.
Meus irmãos,
estou num país em que quase tudo corre mal, são os altos índices de desemprego,
desnutrição crónica, prevalência do HIV/SIDA, isso sem contar com os níveis de
corrupção e criminalidade. Por um lado, todas minhas expectativas foram
profundamente defraudadas, pois esperei por um ensino superior diferente do
básico mas, pelo visto, o nosso sistema de educação é imutável, desde do básico
ao superior. Por outro, deixei de acreditar no actal sistema político, já não confio nas
instituições públicas, nem mesmo na divindade e nas suas instituições, a
Igreja.
Ou
simplesmente, a sociedade em que me encontro, juntamente com as suas
instituições e pessoas, conseguiu sugar todas minhas expectativas. Fim de expectativas!
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