Publicado a 14 de Março de 2014 pelo http://swiluva.wordpress.com/
Mulheres à busca de emprego
Por: Delfina Cupensar
No mundo, Moçambique em particular, ainda é muito cedo para
se falar do fim da discriminação da mulher, principalmente no que se refere ao
trabalho remunerável.
Isto porque, mesmo com competência, a mulher é atribuída incompetência
e uma série de coisas que não correspondem a verdade, com o objectivo de os
superiores hierárquicos (vulgarmente chamados de “boss”) submeterem-lhe às
piores formas de proceder para conseguir o lugar que merece por direito e
desempenho.
Infelizmente, a mulher ainda é vista como símbolo sexual do
qual os chefes das instituições ou empresas querem aproveitar-se e depois, em
muitos casos, jogarem-na fora, para além de deixa-la refém dos seus prazeres.
Será esse o critério fundamental para a mulher merecer um
enquadramento dentro da sociedade? Se as competentes passam por isso, o que se
pode dizer das incompetentes? O que se espera do exercício da função que lhe
será atribuída e principalmente do ambiente de trabalho?
Mulheres, vamos firmes em busca dos nossos valores de
maneira mais correcta e justa possível, respeitando os nossos princípios e
principalmente o orgulho de sermos mulheres. O nosso corpo não é símbolo sexual
mas sim um tesouro incontestável.
Nosso corpo é um tesouro, cristal, templo sagrado que merece
um guardião ao nosso critério, e não alguém que se reveste do poder, achando
que por isso, pode perpetrar tudo em nós em troco de bens materiais muitas
vezes insuficientes para aquilo que são as nossas aspirações.
Mulheres, vamos continuar firmes rumo ao que pretendemos,
sem que para isso sujemos os nossos corpos por carícias vagabundas e prazeres
falsos, castigo sexual e toda a forma repudiável de proceder dos “boss”.
Eu digo não, não e não a toda e qualquer forma de
contratação onde a principal cláusula é ter um encontro clandestino com o
“boss” ou num escritório, carro, mato, pensão, mesmo num hotel cinco estrelas.
Meu corpo é muito valioso e não se vende, até porque não
existe preço no mundo que pagasse pelo meu corpo. Não, não sou vendedora de
prazeres sexuais que de nada me servem senão deixarem-me doente e apodrecer o
meu interior.
Não, não quero que isso prossiga. Comigo não e com todas que
a minha intervenção puder tocar o seu interior.
Espero que com esta reflexão nós as mulheres levemos à sério
a nossa sagrada conduta feminina, não aceitando os abusos dos homens.
Homem é aquele que cuida, o Adão de onde saiu Eva. Penso que
o amor do homem para com a mulher devia confundir-se com o amor da mãe para com
o seu filho.
Voltando ao foco do assunto, infelizmente a ideia de firmeza,
no que efectivamente a mulher aspira alcançar, não é defendida por todas.
Existem mulheres, em grande número, que recorrem à chantagens descabidas do
“boss” para conseguirem um enquadramento.
Mulheres que se expõem a piores humilhações, desrespeito e
abusos do poder por causa de migalhas salariais que de nada lhes servem senão
aumentarem a sua já visível pobreza.
Outras ainda são as mentoras desse tipo de abuso ao
aliciarem os chefes em busca do enquadramento ou de alguma promoção no
trabalho.
Será que nós mulheres necessitamos disso para nos enquadrar
dentro do campo laboral?
A clarividente resposta disso está nas instituições onde
vemos algumas mulheres que “metem os pés pelas mãos”, uma vez que de
experiência profissional não têm nada comparado a sua exuberância corporal.
Escrevo cada palavra dessa reflexão com muita dor no coração
mas também com esperança de que um dia toda a mulher comece a enxergar essa
triste realidade, tomando efectivamente o seu rico papel na sociedade.
Acredito que qualquer mudança perante o actual cenário
desagradável começa com a própria mulher.
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