GOVERNO
ANTIDEMOCRÁTICO VS MANIFESTAÇÃO
Autor: Alberto Massango
Perante a actual crise
económica que o país vive, as pessoas viram a necessidade de levar a cabo uma
marcha popular, com vista a se resolver os problemas que enfermam a nação
moçambicana. No entanto, o Governo, através das suas forças policiais fortemente
armadas, intimidou aqueles cidadãos que, simplesmente, pretendiam exigir
explicações lógicas sobre as dívidas contraídas pelo Governo de Guebuza. Isto é
suficiente para se afirmar que o Governo esqueceu ou não sabe que a
manifestação faz parte do exercício democrático.
O incrível no meio
disto deve-se ao facto de o Governo mobilizar forças fortemente armadas para a
paralisação das manifestações. Ou seja, quando as pessoas mostram a sua
indignação, exigindo explicações sobre as dívidas que o antigo Governo
contraiu, sem ter dado explicações ao parlamento, são barradas de todas
maneiras, como se fossem criminosas e, enquanto isso, os verdadeiros criminosos
estão a solta, por aí, fumando charutos em mansões de luxo.
Na cidade capital, bem
como em outras províncias do país, assiste-se quase sempre aos raptos,
sequestros, roubos envolvendo quadrilhas, tráfico de drogas e órgãos humanos.
Contudo, a mesma força policial, que é dada a missão de barrar as pessoas
quando se manifestam justamente dentro do seu próprio território, não se faz ao
terreno quando a questão é fazer face aos crimes acima mencionados.
As pessoas, dentro de
estados democráticos, têm o direito à marcha e liberdade de expressão,
portanto, tal como reza a Historia, o uso de forças policiais em marchas
populares é característico de regimes terroristas e ditadores. Agora, cabe a
nós definirmos o tipo de Estado que somos, democrático o ditador?
Temos direito à
manifestação e não devíamos ser barrados por isso, pois a nossa indignação
surge no contexto destas notícias sobre dívidas ocultas, contraída por um grupo
de pessoas munido de interesses próprios.
Temos direito à
manifestação, na medida em que nós, como povo deste país, seremos obrigados a
pagar esta gorda dívida que beneficiou a determinadas pessoas, que abusaram do
poder e dos interesses do Estado. Portanto, de todas formas possíveis, temos o
direito a manifestação e liberdade de expressão, pois somos os lesados nesta
desordem económica que se o país vive.
VANDALIZAÇÃO NÃO
DIGNIFICA MANIFESTAÇÃO
O oportunismo tem sido
o grande inimigo das manifestações populares em Moçambique, pois temos pessoas
que, ao invés de se focarem na causa comum do povo, que é dizer não à
corrupção, não ao roubo legalizado ou fora a má governação, se dedicam ao
“saque”, tornando, desta forma, as manifestações em festas de roubo, violência
e vandalismo.
Assim sendo, há
necessidade de se combater esta postura para que as nossas marchas sejam
realmente justas e pacíficas. Para tal, deve-se, em primeiro lugar, segundo
Vladimir Lenine, na sua obra intitulada O Trabalho do Partido entre as Massas,
preparar as manifestações muito antes da hora proposta, bem como se preparar
uma organização tão numerosa, que possa aplicar uma rigorosa divisão do
trabalho nos diferentes aspectos da nossa manifestação.
“Deve-se preparar uma
organização sistemática para desorientar aos que vandalizam e criam desordem,
assim como para se desnortear a polícia de tal modo que não se caia nas suas
malhas”, escreve Lenine.
De acordo com autor, se
existe uma organização entre os manifestantes, cada marcha pode converter-se
numa demonstração política, que poderia obrigar o Governo a responder às
inquietações do povo.
No caso de Moçambique,
quem sabe, o Governo dar-nos-ia uma solução palpável para a actual crise
económica sem que o povo seja o principal lesado. Talvez a Procuradoria-geral
da República de Moçambique (PGR), como órgão soberano e que diz já estar a
averiguar os contornos do caso, indiciaria os principais mentores da dívida
para um breve esclarecimento.
Em linhas gerais, para
que as nossas manifestações sejam bem-sucedidas, é necessário que as mesmas
sejam organizadas com muito tempo de antecedência, tendo-se em conta o
vandalismo protagonizado por algumas pessoas.
Se assim for, irmãos, tenham a certeza que nenhuma
força policial poderá nos intimidar, pois estaremos preparados o suficiente
para enfrentar qualquer obstáculo ao longo da marcha, que nos dignifica como
cidadãos moçambicanos em prol da democracia.
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