Por: Lameque Xadreque Nacumba*
Os humanos
procedem através de representações, mas é fundamental pensar que o processo de representação
não é simplesmente um reflexo automático, um resultado especular. No processo
de representação, há uma construção diferenciada dos objectos, que diferem de
pessoa para pessoa.
Em outros termos, podemos afirmar que todo o ser humano tem
um processo de representação, que acrescenta facetas particulares.Os valores
sociais de todos grupos sociais fundamentam-se a partir de crenças ideológicas,
que podem ser religiosas, culturais ou, até mesmo, políticas. São elementos
normativos e orientadores da nossa vida social, que servem, de certo modo, para
atribuir elementos de identidade.
Entretanto, tais crenças podem
constituir um problema, em determinado momento, para nossa saúde mental. As doenças
mentais que advém do impacto das crenças religiosas permanecem até hoje obscura
perante a medicina, ou seja, não há uma causa que realmente explique estas
doenças tão estigmatizantes.
Não sendo entendida pela comunidade como doença causada
por elementos de caracter cultural pois não são só factores biológicos que a determinam,
o paradigma da exclusão social permanece nestas situações e, até certo ponto,
pode originar o isolamento dos doentes mentais.
A estigmatização faz com que os doentes mentais
percam a sua cidadania, sofram preconceitos e sejam segregados pela sociedade. A
história das doenças mentais é relatada desde os primórdios da civilização,
onde a pessoa considerada anormal era abandonada à própria sorte, Hoje, sabe-se
que a doença mental pode ser causada factores biológicos, psicológicos e,
agora, sociais. Pelo que necessitam de assistência adequada.
Com a finalidade de ressocialização da vítima e de
apoio adequado para o doente e a família, este exercício (ressocialização)
ainda é difícil, pois em alguns casos é agravada devido aos mitos sociais ou
crenças ideológicas mal interpretadas.
Partindo
do pressuposto de que as crenças ideologias estão presente para satisfazer ou
colocar limites na sociedade, é importante reflectir sobre a forma como alguns cidadãos
interpretam a doença mental?
Nos
últimos anos, temos verificado o maior índice de doentes mentais na cidade de Maputo,
sobretudo nas zonas periféricas, tanto que alguns nunca estiveram sobre
tratamento e muitos dos doentes acabam agravando o seu quadro patológico com o
passar do tempo.
É
quase comum ver um indivíduo que aparentemente gozava das suas faculdades
mentais numa esquina da cidade a colher lixo nos contentores, falando sozinho,
sujo e rejeitado pela sociedade que lhe viu crescer.
Quando
buscamos a resposta ou a razão da mesma encontramos algumas limitações no
esclarecimento dos casos e, infelizmente, em alguns momentos, as doenças são associadas
à magia negra. .
Analisar
as doenças mentais nesta pespectiva em pleno o século XXI, onde as informações
sobre a doença mental e outras doenças contemporâneas estão sendo divulgados
através de vários órgãos, é ridículo e acentua um problema sério.
A
estigmatização, que resulta da ignorância de uma sociedade que devia ser mais informada, é um atentado
aos direitos básicos dos doentes e é um problema que exige o engajamento para
ser definitivamente erradicado.
Referência
de Apoio:
GUARARESCHI
A. Pedrinho; Representações Sociais e Ideologias, Pontifícia Universidade católica, [SE]
2009
* Formando em Psicologia Clínica pela Universidade Pedagógica de Moçambique
Gostei ....
ResponderExcluirObrigado, Irmão. Nós agradecemos.
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