Uma Noite Cheia
Autor: Mariano Mucueia
Todo
começou naquela manhã, quando fui à faculdade. Novo ambiente, novas tendências,
novas dinâmicas; diferentes das que vivi na escola de proveniência. Agora, o
medo emocional exterminou a minha felicidade inabalável de ter admitido à Universidade.
Como sempre, os repetentes e os “não-caloiros”, têm discursos assustadores.
Merda! estou trémulo, não consigo me equilibrar. um grande frio aperta a minha barriga.
─Aqui
se chumba para caramba, putos!.. Acham que é escola secundária? Esqueçam. Vocês
devem colaborar com os colossos…
Bom
dia…! O professor chegou. Armando, aquecemos mais tarde estes calas. Retirava-se
o Sérgio, balbuciando como quem sabe mais. Uma grande tremura dominava o
Saraiva. E perguntou ao Bonzinho.
─
Que disciplina lecciona o professor que acaba de chegar? O Bonzinho respondeu
com uma cara amarfanhada, como quem não gosta do professor. ─ Ele será seu
professor na cadeira de Viagens do pensar Humano. Viagens do
pensar humano? Perguntou Saraiva , perplexo.
─
Estou doido para ouvir dele estas viagens! Pois o homem é um ser muito
complicado de entendê-lo.
O
professor, como de hábito, no primeiro dia da aula, entra pela porta de traz.
Bom
dia estudantes! Bom dia Dr.! Respondermos em uníssono quase todos felizes. O
professor foi alto fuinho forte, na verdade quando entrou pensei que fosse um
militar, mas estava enganado. Eu esperava um senhor gordo, barrigão calçando um
sapato da última qualidade, porém foi o mais simples comparativamente aos meus
colegas. Onde percebi que os que têm não estão preocupados com o que os outros
falam, apenas fazem o seu trabalho.
A
aula começou. Com o seguinte tópico: Qual a espécie mais inteligente, animal ou
Humana? Esta questão pareceu-nos a mais fácil de responder. A ciência nos
ensina que o Homem é a espécie mais privilegiada e inteligente. Esta resposta
era do senso comum, mas o professor não concordou, consequentemente deveriam levar
a questão como trabalho para casa.
Depois de largar, tive que ir à biblioteca
mas sem sucesso voltei. Já eram 18 e meia, tive que voltar para casa, todo
cansado. Uma pasta grande, cheia de textos de apoio. O telefone tocou. Já, tive
medo que fosse Nélio pedindo ajuda, mas foi outra pessoa.
Um número estranho
até que não cheguei de atender, pois, não foi fácil, me desconcentrar e pegar
no telefone, decidi desligar para não ser distraído novamente, o silêncio da
noite me ajudara a ser bom estudante. Bem, não foi fácil, arrumei naquela noite,
todos manuais que falam da obra de Platão e Aristóteles. Merda! Não gosto de
leitura e hoje estou, aqui, à mesa, rodeado de livros, além disso, nem gosto de
fazer trabalhos também, dado que, para mim, sempre foi um caus.
O meu professor
da terceira classe sempre reclamava. Mas essa não é a boa, a boa é que sempre
que viesse queixar ao meu pai, eu recebia boas chapadas. Mesmo assim, com cada
chapada parecia tornar-me cada vez mais burro. E agora, se o meu irmão mais
velho encontrar-me logo rodeado de livros quase que não vai acreditar. “Logo!
você preocupado com o dever de casa?”, perguntaria. Minha praia sempre foi ver
filmes que, no final, o vilão vence, e sempre gostava de ler livros, não por
recomendação, mas por vontade própria, é claro livros clássicos portugueses.
Meu pai estaria orgulhoso por isso, acho que mudei muito.
Estou
a ficar sonolento! Logo penso em tomar uma xícara de café. Enquanto preparo-me,
o telefone toca. Afago o nariz, aproximando a mão direita para atendê-lo. É uma
mensagem da minha namorada. “Tudo bem, meu amor? Escrevo-te para desejar bons
estudos”. Que é isso? Ela só escreveu-me para desejar bons estudos! Franzo a
testa com a mão esquerda, coçando-a. Tenho uma grande responsabilidade. Penso.
Na
mensagem vejo seus lábios formosos, seu andar atlético que me lembram as ondas
do mar, seus seios picantes contra o meu peito, o seu olhar angelical, a soar
voz rítmica, suave da timbila, que os meus ouvidos dizem sim, sim. Quando fala
singela para mim… Que Deus me livre! Já é meia-noite, e eu distraído pensando
na minha namora ao invés de voltar a fazer o meu trabalho.
Ed/AM
Continua…
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