AMOR TAMBÉM MORRE
Autor: Albert Massango
Quando um ciclo de bons momentos inicia esquecemo-nos que o mesmo finda, o
entusiasmo torna-nos totalmente utópicos e, por vezes, esquecemo-nos do mundo
concreto, bem como tornamo-nos senhores intocáveis e pensamos que alcançámos a
felicidade, esquecendo que a mesma é impenetrável (ou seja, não somos felizes,
apenas temos momentos de felicidade).
Encontrava-me numa fase meio conturbada quando a conheci, andava sem a
mínima intenção de lidar com pessoas novas, principalmente mulheres,
entretanto, quando a vi não duvidei que ela fosse a menina das minhas utopias.
A inspiração manifesta-se de
diversas formas, através dum livro, música, filme e por aí em diante. No
entanto, naquela manhã de Fevereiro, nos corredores daquela instituição de
ensino, a minha inspiração residia nos passos daquela mulher, que logo de
imediato a amei.
Não sou de dar voltas quando quero algo, mas, pela primeira vez, me sentia
reduzido a nada e incapaz de expressar o que a minha boca enclausurava mesmo
quando a vontade de falar fosse titânica.
Costuma-se dizer que não importa o quão somos tagarelas ou audaciosos, na
medida em que, diante da pessoa amada, somos incapazes de criar argumentos para
expressar o que normalmente nos é fácil de dizer. Não sei se isso é bom ou mau,
mas tenho certeza que diante dela a sensação era completamente diferente.
Por um bom tempo fiquei a arquitectar um mecanismo de como aborda-la,
olha-la e articular as palavras, que tinham por objectivo a conquistar.
O álbum de música, The Miseducation
of Lauryn Hill, foi o primeiro trunfo que me veio a mente para que trocasse
impressões com ela. Já nem me lembro como, mas soube que ela gostava da mana
Hill e tinha como músicas preferidas, the
Miseducation e Doo Wop.
Logo constatei que aquela era a mulher certa para mim, pois poderíamos
juntos, numa bela tarde deitados na cama, escutar Zion e Nothing Even Matters –
afinal de contas também adoro a Lauryn.
Assim sendo, tendo como recurso as músicas da Hill, surgiram as primeiras
conversas entre nós e logo soube que ela adorava o mar de Mississípi e flores –
achei-a mais interessante ainda, pois ela tinha tudo que ver com o meio
ambiente.
Durante as nossas conversas, aos poucos, fui sentindo que um ciclo de bons
momentos começava a surgir, ou seja, uma nova etapa de felicidade sorria para
mim – uma mulher fazia-me sentir feliz.
Deixa-me ser
sintético. Após algum tempo, não curto nem longo, começámos namorar e o meu
amor por ela cresceu ainda mais e tive a certeza de que, com ela, teria
momentos de felicidade (mas estava enganado).
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