quinta-feira, 25 de agosto de 2016

MILES AHEAD” ENTRE A FICCÃO E A REALIDADE!



Por Hilário Taimo

Miles Davis era um monstro. Aliás, é o monstro. O monstro que se recusa a “sumir” do mapa musical. O monstro que deixou para a sua geração, a actual, e as vindouras um legado com dimensões“astronómicas”, cuja história de vida chegou agora ao cinema pelas mãos de Don Cheadle, seu fã incondicional. Miles Ahead é seu título.

Kind of Blue - um dos melhores trabalhos discográficos de jazz de todos os tempos, lançado em 1959, considerado, por alguns críticos, dark- foi o álbum que colocou o “Prince Of Darkness” nesta lista, tornando-o num dos mais influentes músicos de jazz.

Se tivermos em conta que Miles Davis acompanhou a evolução do jazz, pode-se dividir, com algum exagero, a história deste estilo musical em duas partes: a época Pré-kind of Blue e Pós-kind of Blue.

Miles Davis, assim como outros músicos da sua geração, desejava, a todo o custo, desfazer-se das influências do jazz europeu e da África Ocidental de onde é oriundo o jazz. Almejava ser original. Queria tocar à sua maneira, criar um estilo que o identificasse. E só consegue isso em Kind Of Blue.
 
Em uma hora e quarenta minutos, Don Cheadle - um fã confesso do Miles Davis, que cresceu escutando, entre outros álbuns, Kind of Blue – narra, no pequeno ecrã, parte desta conquista.
Dave Brill, jornalista“atrevido” da Roling Stone, vai à casa do Miles para entender, junto da lenda, o processo de criação musical. Mas não é bem recebido, abrindo, deste modo, espaço para uma “aventura” atrás, primeiro, de drogas e,posteriormente, de bobines roubadas com um trabalho da “lenda”.

Uma aura “sombria” na casa do Miles Davis foi o que o jornalista achou quando, contra a vontade dele, invade a casa, enquanto solea do álbum Sketches of Spain tocava no fundo. Miles Davis tinha pedido a um locutor para tocar está música, após ele (o locutor) passar ao ar So what, afirmando que “está música vai ser comentada daqui há mil anos. É da cápsula do tempo”,um comentário não bem recebido por um Miles Davis “frontal” e “inimigo” de entrevistas. 

Nessa altura, quando Dave invade a casa do Principe das Trevas,Kind of Blue já tinha sido lançado e, como ele suspeitava, Miles estava no pior momento da sua vida: mergulhado nas drogas e com eternas e incessantes saudades da sua amada Frances

Esse amor levaria Miles a colocar na capa do álbum “Someday my prince will Come”o rosto da sua amada. A partir daí Miles Davis sai para tal “aventura” com o jornalista à procura de drogas e bobines, com uma passagem pela editora, onde em pequenas lembranças e “viagem ao passado” narra-se o momento depois da criação do Kind of Blue.

Provavelmente, um dos melhores momentos da vida do artista é quando conhece Frances Taylor, a dançarina com quem se casa e, por egoísmo, exige que ela abandone os palcos, num relacionamento marcado por constantes discussões entre o casal e que posteriormente entra em colapso. Miles queria-a só para si. A sua história de amor começa lindamente, mas termina num desastre: Miles abandonado e com perna aleijada.

O amor que Miles Davis sentia pela FrancesTaylor, interpretada pela actriz Emayatzy Corinealdi, pode ser descrito em apenas duas palavras: possessivo e egoísta.
Na verdade, estes flashbacks possibilitaram que uma parte do passado do Miles, antes de se isolar durante cinco anos do mundo, fosse narrada. 

Apesar de este ser, provavelmente, um dos momentos mais darks da sua vida, “Miles Ahead”continua sendo atraente e de forma nenhuma deprimente, se comparada, por exemplo, à biografia do Ray Charles, caracterizada por uma dose forte de sofrimento quando ele se envolve nas drogas e durante o tratamento em que Ray Charles, interpretado por Jamie Fox, sofre bastante tentando se livrar das drogas. 

Don Cheadle em seu filme deu uma “pintada” à vida de Miles Davis, tornando o “longa” numa aventura atraente. Esta é uma virtude conseguida pelo actor que, para além de dirigir o filme, interpreta Miles Davis. 

Quando se assiste a “Miles Ahead” não se pode esperar por uma biografia clássica e fiel da vida de Davis. Todavia, a“pintada” do Don Cheadle deixa “Miles Ahead” entre a ficção e realidade. Se o filme é todo realístico. Não! E também não se percebe, a primeira vista, pelo menos para quem nunca teve acesso à auto-biografia do Miles Davis, o limite entre a ficção e a realidade. 

Miles Davis é um “gangstar” no filme. Mas se Miles Davis era “Prince Of Darkness” porquê não poderíamos ver todo o filme e acreditarmos que é tudo realidade? Miles Davis era considerado Príncipe da Trevas, portanto, este toque do Don Cheadle é, de certa forma, justa. “Miles Ahead” não é uma biografia fiel à vida do Miles Davis, mas é a biografia que, com algum exagero, faz jus à figura de Miles e ao título que lhe é atribuído

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Música/ Stivie Wonder e a Terapia para o Aparelho Auditivo

https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7736601734156097422#editor/target=post;postID=5270227673767870099;onPublishedMenu=overviewstats;onClosedMenu=overviewstats;postNum=0;src=postname
                                                                          Stevie Wonder e a Terapia para o Aparelho Auditivo
            
Antes de avançarmos, importa realçar que é ambição demais nos debruçarmos sobre a vida ou obra de Stevie Wonder, na medida em que se trata dum génio da música norte-americana, que ao longo da década 70, usou as suas cordas vocais, acompanhadas pelas melodias do seu piano, para conquistar pessoas de diferentes partes do mundo.

Sobre a obra do King Wonder, repleta de vários sucessos, tais como, “Tribut to Uncle Ray”, um álbum, lançado em 1962, em homenagem ao velho Ray Charles, bem como o álbum “Talking Book (1972) ”, o “Innervisions (1973) ”, entre outros, aliás, quem é que, na década 80, não saiu para dançar o sucesso “I just called to say i love you”, do álbum “The Woman In Red (1984) ”?

Dentre vários sucessos de Big Wonder, entretanto, me interessa mais o álbum-duploSongs In The Key Of Lite (1976) ”, uma espécie de terapia musical para o aparelho auditivo. Quando lançado, o álbum chegou ao 1° lugar na parada americana de álbuns, contendo vários sucessos como o “Isn’t She Lovely”, que depois mereceu várias versões, como a do guitarrista versátil Lee Ritenour.   

O “Songs In The Key Of Life”, logo a pirori, brinda-nos com o tema “Love’s in Need of Love Today”, uma música repleta de conteúdo ético-moral, na medida em que questiona a falta de amor entre as pessoas, nesta sociedade contemporânea, daí que Wonder convida a cada um de nós a ser altruísta para com o próximo.

Para além de temas atinentes à ética, o álbum, com o "Have a Talk with God", uma música que não é direcionada à crentes duma determinada religião senão a todos que procuram um antídoto para as suas frustrações, nos convida a uma breve conversa com “o único psiquiatra gratuito conhecido em todo o mundo”, que se presume que seja Deus.                

Na verdade, o disco em questão brinda-nos com diferentes conteúdos, aliás, as músicas “Village Ghetto land”, “Pastime Paradise” trazem-nos uma crítica a sociedade contemporânea, em que a discriminação racial e as diferenças na sociedade em que vivemos, são enormes, portanto, Wonder, propõe a seguinte reflexão, “dizem que devíamos nos alegrar com o que temos, agora diga-me, ficarias feliz na “Village Ghetto land”?

Na minha opinião, o que completa o primeiro disco, já que se trata de um álbum-duplo, são as músicas “Ordinary pain” e o “knocks me Off my feet”, esta última, verdadeira obra poética que exalta o amor romântico da forma mais humilde possível.

O louvor ao amor, para Wonder, não deve cessar nunca, portanto somos ainda brindados pelo tema “Ngiculela- Es una Historia- Iam singing”, música esta que, linguisticamente, nos convida a uma viagem com recurso a três línguas, nomeadamente, a africana, de origem bantu, o zulo, o espanhol e, por último, o inglês.

Diversos jornais internacionais, de crítica musical, têm o Songs In The Key Of Life” como o melhor álbum de “soul-music” de todos os tempos, constando da lista lista dos 200 álbuns definitivos no “Rock and Roll Hall of Fame”, tendo influenciado na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos da América (EUA).

Em linhas gerais, trata-se dum álbum musical que, sem sombras de dúvida, apazigua a mente e o espírito de quem o escuta. Por tal, convido-te a esta digressão musical ao lado do Stevie Wonder

Autor: Albert Massango

Opinião: AS MENTIRAS DO NOSSO TEMPO E O CAMINHO PARA O FUTURO

AS MENTIRAS DO NOSSO TEMPO E O CAMINHO PARA O FUTURO Créditos : AS por:Lino A. Guirrungo (Jan, 2019) Eu nasci pouco depois que...