quinta-feira, 21 de junho de 2018

Opinião:Maldito Boletim!



Maldito Boletim!


Meia noite  é  , exactamente,  a  hora que os ponteiros  do meu relόgio  marcam. Estou aqui,  como sempre, escutando  minhas “estranhices”. Até chega  a  ser  divertido  ser  estranha,  pois  todo  mundo  quer  ser  considerado  normal, então,  porquê ser  normal?

Prefiro ser  estranha mesmo,  por  preguiça, dá uma trabalheira  enorme ter  de convencer  a  sociedade que sigo  as  regras  para  ser  politicamente aceite.  Mas  o  que  seria  ser  normal? Bem, na verdade, nem pretendo falar disso, pouco me importa mesmo, talvez  numa  outra  altura, se  disse  lembrar . Vamos ao  que  interessa!

Encontro-me deitada  de barriga, lendo o autor de  que  tanto gosto  e do qual  não me dispo: Auster.  Tenho como  harmonia  perfeita  para  acompanhar  a  minha  leitura   a  tão dócil voz  de  Birdy,  cantora, compositora   britânica,  interpretando o seu  primeiro  álbum,  cujo título é o seu próprio nome.

Continuo viajando a convite de Auster na sua obra: “ O  Homem  na  Escuridão”,   um dos  seus  memoráveis trabalhos,  até   que,  repentinamente,  pauso. Fecho o  livro e  o  atiro-me   à cama,  pois o  sono  começara a  apoquentar-me.

Mas, antes de  me  deitar ponho-me  sentada  em  frente  ao computador e com o  objectivo  de fazer nada,  senão um  comportamento estranho  repetitivo  que tenho e calho com  um  boletim científico que levara, há semanas,  num  amigo com o  objectivo de,  nas  horas  vagas,  lê-lo.

Por uns 20 ou 25   minutos, não me lembro  precisamente  e  não preciso:   Prendi a  atenção na  leitura  do mesmo e pus-me  a conversar  sozinha  com  o  meu intelecto  sobre  o  que  se  discutia  no  mesmo. O   boletim  defendia a  despenalização  do  aborto  por  Ergimino Mucale.

Antes que eu  me  esqueça,  eu  “era”  contra a  posição  de  Mucale  porque  do   meu  ponto  de vista fazer  aborto  é um  crime  e  tal.Novamente, o sono voltou a  atormentar-me  e,   dessa  vez,  não resisti e  me  rendi saindo  do  computador  e com  o  frio  a  tocar  no  meu  corpo sem excepções ,  uma vez  que  vesti  uma  roupa  leve  para  dormir.  

Atirei-me  à  cama  e enrolei-me  como  uma  cobra  no  meu  cobertor  e,  sem  mais  nem  menos,  apaguei,  sim,  caí  no  sono. Entrei  para o  mundo  do  além,  sim,   falo  dos  sonhos.  Lá estava  eu  e,  desta  vez,  foi-me  tão  nítido  que  decidi  contar  o  que  me  acontecera nos   sonhos: É  assim, repentinamente,  eu  me  encontrava  grávida   junto  da minha  amiga Laurinda  e  lá  estávamos nós  desesperadas,  pois  não  estava  dentro dos  planos  de  nenhuma  de  nós  engravidar  sem  terminarmos  a  nossa  licenciatura  e,  o  facto  mais  incrível  é que  nenhuma  de  nós  tinha  o  conhecimento dos pais  destas crianças que carregávamos.

Obviamente, estávamos fustradas e sem  saber  o que  fazer  e  a  quem  recorrer,  pois  nas  nossas  famílias essa  notícia  não seria  de  bom  agrado  e,  principalmente, para  o  meu  pai que apostou tudo  em  mim  e  na  minha  formação.

Nunca  se  pode  recordar tudo  que  acontece num   sonho,  mas  o  que me  marcou e  não ficou  nos sonhos  é  que  eu  me  encontrava,  junto  da  minha  amiga,  na  fila  de  um  hospital pronta  para  fazer  um  aborto.

Chegou  a  minha  vez  na  fila    e  a  drª Joana,  uma  médica-chefe e amiga  da  minha  mãe  desde  a  época das  suas  gravidezes,  estava  ali  pronta  para  fazer  o  aborto,  mas,  exactamente,  na  hora  em  que  ela  ia  começar  com  os  procedimentos  senti  o  meu  ventre  a  doer  e,   afinal  de  contas,  era   a  minha  bexiga  já a  reclamar  e  logo  despertei correndo para  casa  de  banho  aliviar  a  minha  bexiga.  

Ainda continuava  desnorteada e  quase  chorava,  mas  depois  apalpei  a  minha  barriga  e  percebi  que  aquilo  fora  um  pesadelo.  Pocha!  Nunca  mais  leio  coisas dessas  antes  de  dormir - disse   eu  respirando  de  alívio.


Mas agora surge a questão:  afinal,  qual  é  a  minha  real posição sobre o  aborto? Pois   estive a    ponto  de  fazê-lo  no  desespero  de  um  sonho.       

Fim 

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