segunda-feira, 23 de março de 2015

Opinião/Sociedade:O Aborto em Moçambique



                                                        O Aborto em Moçambique 

                                                       
                    
                                        Por Lancerda Matavel 


Nos últimos dias, tem se verificado no nosso país um aumento do número de mulheres, jovens e, sobretudo adolescentes praticantes do aborto. Nalguns casos, esta interrupção voluntária da gravidez é causada pela gravidez precoce e ou indesejada, causada, por sua vez, pela falta de aconselhamento ou planeamento familiar.

Muitas mulheres adoptam essa prática sem nenhum acompanhamento médico. Jovens e adolescentes fazem aborto às escondidas, isto é, não contam aos seus pais e nem às pessoas mais velhas para um acompanhamento. Mesmo cientes das prováveis consequências, preferem correr o risco de contrair doenças ou, em último caso, correr o risco de vida.

Sendo o aborto uma atitude que vem sendo tomada já há longos anos, em 1886 tornou-se penal a sua prática. Com a medida, as autoridades coloniais ambicionavam reduzir o número de mortes causadas pelo aborto clandestino.

Numa notícia publicada em 25 de Outubro de 2012, sobre a despenalização do aborto, a Lusa (Agência de Notícias de Portugal) informou que num documento recebido pelo órgão os bispos católicos em Moçambique  afirmavam que “o aborto provocado, seja quais forem as razões, é sempre uma violência injusta contra o ser humano e nenhuma razão o justifica eticamente”.

Os bispos teceram este comentário numa altura em que o parlamento moçambicano pretendia discutir a despenalização do aborto no país, visto que estava ainda em vigor, a lei colonial da penalização do aborto de 1886.

No mesmo documento, os bispos acrescentavam que pensar na despenalização do aborto seria “aniquilar o património cultural do povo moçambicano, que desde sempre apostou na defesa deste preciosíssimo tesouro da vida que lhe vem como uma bênção de Deus”




Esta visão sociocultural dos bispos, sobre a problemática da legitimação do aborto em Moçambique, é muito relevante pois reflecte na preservação dos princípios éticos e morais.

Se, em todo o país, muitas pessoas são a favor da despenalização do aborto, até as as autoridades governamentais,  para a felicidade de muitos, o aborto foi legalizado. Isso é benéfico, até certo ponto, uma vez que irá reduzir, pelo menos, o número de mortes causadas pelo aborto clandestino. Muitas mulheres, em particular, jovens e adolescentes, praticantes do aborto inseguro, não mais o farão sem recorrer a assistência médica,  desde já, evitando doenças.

Segundo a página da intenet da Rádio Moçambique, o antigo Presidenta da República, Armando Guebuza,  promulgou, a 18 de Dezembro de 2014, um novo código penal  que legalizou o aborto terapêutico. Com a medida, Moçambique torna-se o quarto país africano a legalizar o aborto depois de Cabo Verde, África do Sul e Tunísia.

Entretanto, se esta prática foi despenalizada, não significa que deve aumentar o número de praticantes da mesma, pois esta não deixa de ser “imoral” para a sociedade. É necessário que se pense seriamente neste assunto (o aborto).

As mulheres devem recorrer a métodos contraceptivos, fazendo o devido planeamento familiar, através de órgãos como à SAAJ (Sociedade de para o Aconselhamento do Adolescente e Jovem), como forma de melhor se informar sobre os métodos de prevenção da gravidez precoce e ou indesejada para melhor evitar a interrupção voluntária da gravidez, prevenindo-se assim do risco de vida e contracção de doenças.

A despenalização do aborto cria, de certa forma, uma “falsa segurança” nas mulheres que aderem ao aborto seguro. Mesmo que o processo corra bem, colocam-se em risco as vidas das pessoas que se submetem ao aborto.

A gravidez na adolescência é uma realidade lamentável na nossa sociedade. Muda de forma autêntica a vida de uma adolescente e, em muitos casos, elas optam pelo aborto. Sendo algo evitável, para quê correr risco? Melhor prevenir-se ou, até mesmo, abster-se.




                             



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