sábado, 4 de março de 2017

Crónica: O AMOR TAMBÉM MORRE



AMOR TAMBÉM MORRE
Autor: Albert Massango

Quando um ciclo de bons momentos inicia esquecemo-nos que o mesmo finda, o entusiasmo torna-nos totalmente utópicos e, por vezes, esquecemo-nos do mundo concreto, bem como tornamo-nos senhores intocáveis e pensamos que alcançámos a felicidade, esquecendo que a mesma é impenetrável (ou seja, não somos felizes, apenas temos momentos de felicidade).  
       
Encontrava-me numa fase meio conturbada quando a conheci, andava sem a mínima intenção de lidar com pessoas novas, principalmente mulheres, entretanto, quando a vi não duvidei que ela fosse a menina das minhas utopias.

 A inspiração manifesta-se de diversas formas, através dum livro, música, filme e por aí em diante. No entanto, naquela manhã de Fevereiro, nos corredores daquela instituição de ensino, a minha inspiração residia nos passos daquela mulher, que logo de imediato a amei.

Não sou de dar voltas quando quero algo, mas, pela primeira vez, me sentia reduzido a nada e incapaz de expressar o que a minha boca enclausurava mesmo quando a vontade de falar fosse titânica. 

Costuma-se dizer que não importa o quão somos tagarelas ou audaciosos, na medida em que, diante da pessoa amada, somos incapazes de criar argumentos para expressar o que normalmente nos é fácil de dizer. Não sei se isso é bom ou mau, mas tenho certeza que diante dela a sensação era completamente diferente. 

Por um bom tempo fiquei a arquitectar um mecanismo de como aborda-la, olha-la e articular as palavras, que tinham por objectivo a conquistar.

O álbum de música, The Miseducation of Lauryn Hill, foi o primeiro trunfo que me veio a mente para que trocasse impressões com ela. Já nem me lembro como, mas soube que ela gostava da mana Hill e tinha como músicas preferidas, the Miseducation e Doo Wop. 

Logo constatei que aquela era a mulher certa para mim, pois poderíamos juntos, numa bela tarde deitados na cama, escutar Zion e Nothing Even Matters – afinal de contas também adoro a Lauryn. 

Assim sendo, tendo como recurso as músicas da Hill, surgiram as primeiras conversas entre nós e logo soube que ela adorava o mar de Mississípi e flores – achei-a mais interessante ainda, pois ela tinha tudo que ver com o meio ambiente.

Durante as nossas conversas, aos poucos, fui sentindo que um ciclo de bons momentos começava a surgir, ou seja, uma nova etapa de felicidade sorria para mim – uma mulher fazia-me sentir feliz.        
    
 Deixa-me ser sintético. Após algum tempo, não curto nem longo, começámos namorar e o meu amor por ela cresceu ainda mais e tive a certeza de que, com ela, teria momentos de felicidade (mas estava enganado).

Os gurus costumam afirmar que num relacionamento sem divergências, choros ou pequenos rompimentos não existe amor. No entanto, para mim, um verdadeiro amor não deve nunca se romper, pois o rompimento dita o fim dum ciclo de felicidade (e a mesma felicidade pode não ser mais recuperável). Ou seja, o amor também morre e, por vezes, não ressuscita mais.  Epah! Este é o nosso amor líquido. 


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