sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Saúde:O Impacto das Crenças Ideológicas no Agravamento das Doenças Mentais



        
 Por: Lameque Xadreque Nacumba*

Os humanos procedem através de representações, mas é fundamental pensar que o processo de representação não é simplesmente um reflexo automático, um resultado especular. No processo de representação, há uma construção diferenciada dos objectos, que diferem de pessoa para pessoa.

Em outros termos, podemos afirmar que todo o ser humano tem um processo de representação, que acrescenta facetas particulares.Os valores sociais de todos grupos sociais fundamentam-se a partir de crenças ideológicas, que podem ser religiosas, culturais ou, até mesmo, políticas. São elementos normativos e orientadores da nossa vida social, que servem, de certo modo, para atribuir elementos de identidade.

Entretanto, tais crenças podem constituir um problema, em determinado momento, para nossa saúde mental. As doenças mentais que advém do impacto das crenças religiosas permanecem até hoje obscura perante a medicina, ou seja, não há uma causa que realmente explique estas doenças tão estigmatizantes.

Não sendo entendida pela comunidade como doença causada por elementos de caracter cultural pois não são só factores biológicos que a determinam, o paradigma da exclusão social permanece nestas situações e, até certo ponto, pode originar o isolamento dos doentes mentais.

A estigmatização faz com que os doentes mentais percam a sua cidadania, sofram preconceitos e sejam segregados pela sociedade. A história das doenças mentais é relatada desde os primórdios da civilização, onde a pessoa considerada anormal era abandonada à própria sorte, Hoje, sabe-se que a doença mental pode ser causada factores biológicos, psicológicos e, agora, sociais. Pelo que necessitam de assistência adequada.

Com a finalidade de ressocialização da vítima e de apoio adequado para o doente e a família, este exercício (ressocialização) ainda é difícil, pois em alguns casos é agravada devido aos mitos sociais ou crenças ideológicas mal interpretadas. 

Partindo do pressuposto de que as crenças ideologias estão presente para satisfazer ou colocar limites na sociedade, é importante reflectir sobre a forma como alguns cidadãos interpretam a doença mental?
Nos últimos anos, temos verificado o maior índice de doentes mentais na cidade de Maputo, sobretudo nas zonas periféricas, tanto que alguns nunca estiveram sobre tratamento e muitos dos doentes acabam agravando o seu quadro patológico com o passar do tempo.

É quase comum ver um indivíduo que aparentemente gozava das suas faculdades mentais numa esquina da cidade a colher lixo nos contentores, falando sozinho, sujo e rejeitado pela sociedade que lhe viu crescer.

Quando buscamos a resposta ou a razão da mesma encontramos algumas limitações no esclarecimento dos casos e, infelizmente, em alguns momentos, as doenças são associadas à magia negra. .

Analisar as doenças mentais nesta pespectiva em pleno o século XXI, onde as informações sobre a doença mental e outras doenças contemporâneas estão sendo divulgados através de vários órgãos, é ridículo e acentua um problema sério.

A estigmatização, que resulta da ignorância de uma sociedade  que devia ser mais informada, é um atentado aos direitos básicos dos doentes e é um problema que exige o engajamento para ser definitivamente erradicado.

Referência de Apoio:
                      
* Formando em Psicologia Clínica pela Universidade Pedagógica de Moçambique                 

2 comentários:

Opinião: AS MENTIRAS DO NOSSO TEMPO E O CAMINHO PARA O FUTURO

AS MENTIRAS DO NOSSO TEMPO E O CAMINHO PARA O FUTURO Créditos : AS por:Lino A. Guirrungo (Jan, 2019) Eu nasci pouco depois que...